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Coleguismo e amizade


Talvez um dos pilares da existência humana, a amizade representa toda e qualquer pluralidade entre duas ou mais pessoas, algo que as une, com sua intensidade variável, de colegas à “irmãos de outra mãe”. Portanto, muitos afirmam ser impossível viver sem amigos, ou que uma vida sem pessoas a quem possamos confiar é um desperdício. E este é o ponto. Em quem podemos confiar? Como encontrar aquela pessoa insubstituível a qual dividimos nossos problemas, incertezas e claro, alegrias. Essa é uma questão extremamente complicada, e piora quando dissecamos a essência do termo “amizade”. 
Comecemos pelo fato de que, o amigo, em sua maioria, é um indivíduo que compartilha das mesmas opiniões de você, e, se não, as respeita ou, caso necessário, aconselha e auxilia-o para uma lógica mais sensata. Repare naquelas pessoas que, ao mínimo, “o que você acha?”, tendem a concordar em tudo ou pior, o famigerado “sei lá..”. A exigência pode ser sufocante, sem dúvidas, mas a indiferença é pior ainda. Um amigo não é obrigado a ter uma opinião formada sobre todos os seus problemas, mas a competência de importar-se com a situação é obrigatória. Há também os casos (da série, “acontece com todo mundo”) daquela pessoa contar todas as suas intempéries a um terceiro, e com o manto da inocência, livrar-se da punição por quebrar o sigilo. 
Observa-se também a visão “matrimonial” da coisa, isso mesmo. Já ouviu falar de “na alegria ou na tristeza..” ? Pois bem. A peneira do estorvo costuma funcionar nesse caso. Um amigo que compartilha momentos incríveis, festas insanas e inúmeros roles é mesmo muito bom! Aquela pessoa que quando você vai perguntar “…e aí, vamos s..” ela já está com o “pra onde?” na ponta da língua. Amigos assim não são raros, pelo contrário, tem aos montes e conquistam-se com uma boa vodka com maracujá, eu os chamo de “fogos de artificio”, porque só aparecem nas boas ocasiões e estão para serem vistos e admirados. Mas claro, como toda salva de fogos, sempre vem a escuridão em seguida, os momentos de quietude e as fases ruins, e é neste momento que essas pessoas desparecem, buscam outro céu pra brilhar, porque permanecer na escuridão não é trabalho para qualquer um. Cansei de conhecer pessoas assim, que buscam incessantemente novas “experiências” mas são incapazes de manter uma relação sólida com alguém.
Por fim, depois de anos de decepções e surpresas, descobri que sim, todos necessitamos de compartilhar momentos e emoções, contudo, isso não está no âmbito da amizade, e sim na simples relação social que a vida propõe. Pode ser difícil conviver com o vazio que assombra nossa personalidade, mas não o combata com vínculos fúteis e extravagâncias espelhadas, não viva para os outros, nunca. Você pode ser alguém extrovertido e comunicativo ou alguém reservado, que prefere o conforto de sua concha.. Não existe certo ou errado sobre isso, desde que seja você mesmo, e não uma cópia e, finalmente, você se sentirá completo e não terá que se preocupar com nenhuma ociosidade, pois aqueles que chegarem ao seu encontro, se bons, agregarão ao que você já é, e caso não forem somar nada, apenas se esguiarão com o tempo. 
Escrito por Leonardo Barbosa.
“Happiness is only real, when shared.” (Into the wild)

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